domingo, 7 de fevereiro de 2010

Sobre os leitores digitais na educação

Sempre achei livros um grande desperdício. Mas antes que me queimem na fogueira como herege, explico: para mim uma vez lido, o livro perde em muito sua razão de ser.

Sou do tipo de leitor que dificilmente se apega ao objeto-livro e desconheço qualquer estatística sobre quão apegados os leitores médios tendem a ser com o objeto-livro, mas olhando sob o prisma da praticidade e da racionalidade apenas, faz pouco ou nenhum sentido ocupar estantes e mais estantes ou ainda cômodos inteiros com objetos de escassa utilidade. Uma vez absorvido o conhecimento ali apresentado, cabe a cada um fazer o melhor uso desse conhecimento da melhor maneira que possa. E os livros, qual o papel – sem trocadilho – dos livros no futuro?

Nas últimas semanas temos visto inúmeras discussões acerca dos chamados leitores digitais, aparelhos eletrônicos que permitiriam acessar a informação de cópias digitais de livros, sem a necessidade de se comprar a versão em papel. De minha parte, confesso que esperei décadas por essa ideia genial.

Agora, apesar do rebuliço enorme sobre as características essenciais que esses leitores deveriam ter ou ainda sobre qual o melhor modelo de negócio para se lucrar com essas geringonças, pouco se ouviu falar sobre as possibilidades desses aparelhos na educação.

Lembro de uma discussão que aconteceu alguns anos atrás sobre o uso de mochilas escolares e os problemas de postura que estavam acarretando por conta de uma combinação malévola de sedentarismo com excesso de carga sobre a espinha das crianças. Mas não temam, kids! O leitor digital veio para salvar sua coluna...!

Já pensaram na praticidade de se mudar de matéria com um clique, transitando de matemática para português com extrema facilidade, ou ainda incorporar recursos de escrita para o aluno fazer anotações enquanto o professor exibe em uma lousa eletrônica o conteúdo que poderá ser baixado para esses cadernos virtuais, capazes de fazer consultas em tempo-real a sites online? Evidentemente a questão da dispersão deverá ser devidamente tratada, mas não invalida o sem-número de possibilidades que essa ferramenta pode vir a proporcionar. Assim como o iPhone da Apple possui o "Modo Avião", que inibe emissões eletromagnéticas, a prova "rodaria" no "Modo Anti-cola", para evitar as fraudes. Depois era só fazer o "Upload" para o site da professora e "baixar" o gabarito para ver se tinha passado com louvor ou teria que encarar uma repescagem.

E do ponto-de-vista dos fabricantes de equipamentos e provedores de conteúdo, vejam que interessante: as crianças seriam introduzidas aos aparelhos ainda jovens e continuariam utilizando-os na fase adulta, gerando cada vez mais receita para as empresas.

Se eu estivesse nesse negócio, estaria a essa altura conversando com governos de economias emergentes para viabilizar contratos de fornecimento de versões "light" desses aparelhos tão logo a escala comercial permitisse seu uso em escolas de ensino fundamental.

Aguardemos...

2 comentários:

  1. Bom, com base na minha reles experiência pessoal em discordo, em parte, de que após a leitura os livros tem escassa utlidade. Tem vários desses livros aos quais estou sempre retornando, consultando, relendo trechos e as vezes até fazendo uma releitura completa depois de alguns anos, o que fiz com Dom Casmurro, recentemente.
    Mas muitos livros, sim, eu leio uma vez e pronto, acabou. O problema é que acabo guardando todos, porque não consigo separar o joio do trigo...

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  2. Rafael. Bom conteúdo para reflexão. Como se trata de uma mudança cultural, ainda vai passar muita água embaixo dessa ponte. Um abraço, Sandro

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